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A FAVOR DA JORNADA LITERÁRIA DE PASSO FUNDO
24/05/2015 / Marô Barbieri

CARTA ABERTA

A Jornada Nacional de Literatura nasceu sul-riograndense em 1981, graças ao apoio e incentivo de autores como Josué Guimarães e Mario Quintana. Depois, em suas 14 edições, foi, aos poucos, ampliando espaço, participantes e abrangência, tornando-se, na prática, uma jornada internacional. Assim, há mais de 30 anos, bianualmente, a cidade de Passo Fundo se transforma no Circo da Leitura. Todavia, para quem não sabe, a preparação para a Jornada começa bem antes, com a divulgação dos escritores envolvidos, dos temas que serão debatidos; com o encontro entre leitores e livro: a pré-jornada, que ocorre em diferentes escolas da região. Ou seja, os cinco dias do evento maior acabam sendo o congraçamento de uma história de leitura e de leitores, por meio de encontros com escritores, na Jornada e na Jornadinha, que transformam as lonas em espaço para encontros literários, para partilha de leitura, para a construção de mais e mais leitores. Tanto que pesquisa da CRL: Câmara Rio-Grandense do Livro destacou Passo Fundo como a cidade mais leitora do RS. Além disso, devido à Jornada, em 2006, foi concedido à cidade de Passo Fundo o título de Capital Nacional da Leitura e da Literatura.

Ora, isso posto, é importante questionar-se o porquê de a Jornada não ocorrer em 2015. A quem interessa que não tenhamos Jornada? Motivos aparentes não há, afinal o saldo das ações de leitura realizadas nos parecem positivos. Convém ressaltar, também, o fato de a Jornada ter como primeiro público-alvo as escolas. Logo, faz parte dos objetivos da Jornada não só o destaque para autores e livros (ou para o comércio dos mesmos), mas, sobretudo, a formação literária de mais e mais crianças e jovens. Um de seus pés, pois, está firmado na educação, na estreita relação que existe entre educar e formar leitores literários, mais críticos, mais atentos, mais sensíveis. Outros eventos de leitura existem, porém nenhum se compara à grandiosidade da Jornada. Ela, nesse sentido, concede visibilidade a Passo Fundo, ao Rio Grande do Sul, ao Brasil.

Assim, como representante dos escritores gaúchos, a AGES: Associação Gaúcha de Escritores vem a público demonstrar seu profundo descontentamento com os setores culturais, em nível federal e estadual, assim como com à iniciativa privada, que não percebem na Jornada todo o seu potencial de tradição no fomento ao setor produtivo e consumidor do livro e permitem passivamente, que ela seja cancelada. Até quando, perguntamo-nos, ficaremos à mercê de governantes, de planos de governo, de cortes no orçamento, que não privilegiem aquilo de que um povo mais necessita para ser livre: educação e leitura. Educação e cultura não podem apenas ser promessas, precisam se consolidar como políticas públicas. Pedimos, pois, publicamente, que ações sejam realizadas, que soluções sejam buscadas pelo setor público, a fim de que este momento de crise não prejudique a realização da 15ª Jornada Literária de Passo Fundo em 2015 e que a decisão de cancelamento possa ser revista. Deixar a Jornada morrer é atestado de descuido com o livroÂncora, com a produção literária e cultural, com a educação, com a formação de leitores literários, o que, com certeza, não queremos.

Caio Riter, presidente da AGES: Associação Gaúcha de Escritores

 

 

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